Cresci como qualquer outra criança dos anos 90, brincava na rua e dava o maior valor no relacionamento com as outras crianças da vizinhança, eu tinha vários amigos, apesar de ser recém-chegada na cidade fui muito bem acolhida, por isso sempre digo que minha alma pertence a São Paulo mas meu coração é de Minas Gerais.
A minha nova escola era muito legal mas não demorou muito para que meus novos colegas de classe começassem a me contar histórias assombradas sobre ela. Uma delas era que antes daquele terreno ser uma escola tratava-se de um cemitério e que muitas covas e túmulos não foram retirados de lá, portanto meus pés pisavam sobre um chão que poderia esconder corpos de pessoas que antes descansavam em paz e que naquele exato momento eram perturbadas por centenas de crianças.
Eu sempre ouvia todas as histórias mas nunca me preocupava ou me abalava com elas, seguia minha rotina normal. Certo dia na hora do recreio vi uma fila enorme de crianças no banheiro feminino, não entendia o que estava acontecendo e fui até lá tentar descobrir. Quando cheguei no banheiro vi que as meninas entravam especificamente em uma cabine falavam algumas coisas e saiam frustradas, eu observava aquilo sem me dar conta que havia entrado de fato na fila, conforme ela andava eu também ia em frente e me perguntava: – O que aquela cabine tem de especial, ou de diferente? E observei que ela era a única cabine que o teto estava “quebrado” já que tratava-se de um forro de madeira, e que alguns feches de luz adentravam nela, o aspecto era sombrio apesar da pouca porém existente luz do sol em seu interior.
Eu tentava ouvir o que as meninas diziam, mas não podia acreditar no que ouvia, porque eu não via razão para todas elas xingarem o vento e apertarem a descarga do vaso sanitário. A fila foi andando e de repente eu era a segunda menina, estava ali, sem entender quase nada e pensando: – Meu Deus! O que vou fazer quando chegar de fato minha vez? Mas, minha vez nem chegou, quando a menina da minha frente fez o que “tinha que fazer” o vaso sanitário começou a ficar estranho, e ela começou a chamar todo mundo pra ver, eu fui empurrada para frente, e literalmente exprimida para o interior da cabine, pude ver que dentro do vaso começava a surgir algo branco, logo ouvi alguém gritar: – É a Loira do Banheiro!
Foi a primeira vez que ouvi esse “nome”, todas as meninas começaram a gritar e saíram correndo, eu fiquei por último e ainda assim não sabia o que fazer, fui saindo devagar quando ouvi um barulho, parei, respirei, e olhei para trás, foi quando vi um vulto branco de uma moça passar para dentro da tal cabine. Sai correndo e nunca mais voltei sozinha naquele banheiro!